Venda de ações da Vale pode ajudar a reduzir déficit da Funcef

527702-system__resources__image-579537A Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal, estuda vender sua fatia na Vale, o que pode ajudar a fundação a reduzir seu bilionário déficit. O negócio ainda está em estudo pelo fundo, que não divulgou mais detalhes da operação.

O fundo de pensão não deixou claro se a venda seria de parte ou da fatia total que detém na mineradora. Também não esclarece se o negócio seria para um investidor específico. A venda de participação pode ser uma alternativa para ajudar a conter o rombo nas contas da fundação. Se a venda dos papéis da Vale acontecesse agora, o investimento poderia trazer ganhos para a fundação, a depender de como o investimento ficará registrado no balanço de 2016, ainda em elaboração.

Nas demonstrações financeiras da Funcef, a fatia na Vale estava registrada a R$ 4,5 bilhões em dezembro de 2015, data da última avaliação feita da companhia. Levandose em consideração o preço das ações ordinárias da Vale na sexta­feira, a participação detida pela Funcef valeria R$ 5,8 bilhões. Em seu balanço, a Funcef considera o valor econômico das ações da Vale, e não de mercado. Essa cifra é determinada a partir de um laudo, que embute uma projeção do preço futuro do minério de ferro e do níquel, além de um prêmio de controle de 20% sobre o valor das ações ordinárias.

A Funcef tem participação na Vale por meio da Litel, veículo que reúne também os fundos de pensão Petros (Petrobras), Previ (Banco do Brasil) e Funcesp, no grupo de controle da mineradora. A Funcef tem 12,8% da Litel. A renovação do acordo de acionistas da Vale é uma chance para a Funcef e outros acionistas avaliarem a possibilidade de vender sua fatia na mineradora ou criar uma porta de saída para o investimento no futuro.

Os fundos de pensão não querem ficar amarrados a um investimento por décadas. A Previ, por exemplo, vem buscando posições mais líquidas em seus investimentos, de olho nos desembolsos futuros que terá de fazer. Assinado em 1997, na privatização da companhia, o acordo de acionistas da Vale vai expirar em abril deste ano, depois de 20 anos de vigência. No controle da mineradora, além dos fundos de pensão estão a BNDESPar, Bradespar e a japonesa Mitsui. A Funcef encerrou 2015 com déficit de R$ 8,1 bilhões, ante R$ 5,6 bilhões um ano antes. Foi o quarto resultado negativo consecutivo. Naquele ano, a rentabilidade da fundação fechou em 2,79%, frente a uma meta atuarial superior a 17%, pressionada por um recuo de 15,49% da carteira de renda variável. Os números de 2016 ainda não foram divulgados. O fundo de pensão também teve perdas com os pedidos de recuperação judicial de suas investidas OAS e Sete Brasil.

Foram feitas as provisões para perdas, de 100%, nos dois casos e a fundação ainda busca, por via legal, a recuperação dos valores investidos nestes ativos. O fundo, que ao final de 2015 tinha patrimônio de R$ 54,4 bilhões, foi um dos mais atingidos pela operação Greenfield, deflagrada pela Polícia Federal para apurar desvios em investimentos das fundações. Em outubro, teve a presidência assumida por Carlos Antônio Vieira Fernandes, além de duas diretorias trocadas.

Fonte: Valor Econômico