O reajuste negativo dos planos de saúde individuais

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) definiu um índice negativo de 8,19% para o reajuste dos planos de saúde individuais, ou seja, haverá redução na mensalidade a partir da data de aniversário de cada contrato. É a primeira vez na história do setor que é aplicada uma variação negativa para essa modalidade de convênio médico que abarca cerca de 9 milhões de pessoas. Nos últimos 20 anos, o menor reajuste havia sido no ano 2000, com um aumento de 5,42% no preço do plano individual. Já o pico foi atingido em 2016, quando a alta bateu de 13,57%. O índice negativo determinado pela ANS foi maior do que o projetado por alguns especialistas, que previam -5%. A variação negativa deveu-se à forte redução de procedimentos médicos nos primeiros meses da pandemia, no ano passado. Em 2020, a taxa de sinistralidade (indicador que mede o uso do plano de saúde) do setor ficou em 75,4%, ante 82,4% em 2019.

As mensalidades terão abatimento de 8,19%, mas o valor final a ser pago pode ter acréscimos, uma vez que tanto o reajuste anual de 8,14% em 2020, quanto o por faixa etária, foram postergados para este ano. Esses reajustes foram parcelados em 12 vezes. A aplicação de um índice negativo nessa modalidade coloca pressão sobre o reajuste dos planos coletivos, que representam 80% do setor e são negociados diretamente entre operadoras e empresas contratantes do benefício, sem interferência da ANS. Também nos convênios coletivos houve redução no volume de procedimentos médicos realizados. Ainda assim, as operadoras têm defendido a aplicação de algum reajuste com o argumento de que os procedimentos eletivos foram retomados desde o fim do ano passado e, paralelamente, os casos de covid-19 continuam elevados, o que provocaria um aumento significativo de custos em 2022 e levaria a uma grande variação do reajuste quando comparado a 2021.

No entanto, dados da ANS mostram que a taxa de sinistralidade no segundo trimestre deste ano ficou em 82%, mesmo patamar do mesmo período de 2019. Entre abril e junho de 2020, período de menor volume de procedimentos médicos, a sinistralidade ficou em 64%. Pesa ainda o fato que as operadoras fizeram forte caixa em 2020. O lucro líquido do setor cresceu 49,5%, para R$ 17,5 bilhões.

Fonte: Valor Econômico