
A pandemia de Covid-19 colocou nos holofotes um setor que vinha recebendo olhares dos investidores de risco havia anos: o de saúde. As oportunidades são muitas em terras brasileiras. Empresas de saúde desconectadas, atendimento desigual e falta de acompanhamento são alguns dos problemas do mercado.
Uma healthtech lançada neste mês promete trazer uma solução mais completa para o atendimento de saúde, usando a tecnologia para isso.
A Alice foi criada pelos empreendedores André Florence, Guilherme Azevedo e Matheus Moraes. Florence foi diretor financeiro na 99, enquanto Moraes foi presidente. Já Azevedo foi um dos cofundadores da startup de saúde Dr. Consulta. Os três acompanharam a fase de escala dessas startups.
Quando tiraram férias, pensaram em criar um empreendimento de alto impacto em terras brasileiras. Os empreendedores se conheceram por meio da rede do fundo de investimento semente Canary em março de 2019. A decisão foi empreender com saúde, após o estudo de modelos na China e nos Estados Unidos. “O que falta para o mercado brasileiro é uma operadora ponta a ponta, que possa resolver todos os problemas das pessoas com a saúde”, afirma Azevedo.
Os empreendedores levaram 15 meses para desenvolver a healthtech, incluindo sua regulamentação pela Associação Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O negócio captou US$ 16 milhões em investimentos de fundos como Canary, KaszeK Ventures e Maya Capital.
A Alice se baseia em quatro pilares: tecnologia, relacionamento, remuneração com base em valor entregue ao usuário e parcerias com especialistas. O usuário começa se cadastrando no aplicativo da Alice e marcando uma imersão na unidade física da startup, chamada Casa Alice. O usuário definirá seu plano de ação de saúde, composto por seus objetivos, atividades que precisam ser feitas para atingi-los e prazos.
O paciente também será apresentado ao seu próprio time de saúde. A equipe é feita de enfermeiros, médicos e nutricionistas. A comunicação com esse time, o acompanhamento das metas e o armazenamento do histórico de saúde serão feitos pelo próprio aplicativo. O usuário também registrará seu estado de saúde, como se o sono melhorou ou se tem passado por dores de cabeça frequentes.
A Alice tem parcerias com laboratórios e hospitais, como Fleury e Oswaldo Cruz. A Alice adota uma remuneração com base em valor entregue ao usuário. Caso ele precise realizar uma nova cirurgia para um mesmo problema, por exemplo, o hospital é remunerado apenas pela primeira cirurgia. É um incentivo para que os procedimentos sejam feitos com qualidade. A Alice também também tem parcerias com cerca de 25 médicos de 17 especialidades diferentes, para consultas mais aprofundadas.
Lançada neste mês, a startup atende um público premium da cidade de São Paulo no momento. Para um usuário com 30 anos de idade, a mensalidade atual varia entre R$ 850 e R$ 1.000. Em médio prazo, a escala deverá contribuir para dar mais acesso à solução de saúde ponta a ponta.
“Temos uma missão de gerar impacto em longo prazo. Queremos ser a maior e melhor operadora de saúde no Brasil e não conseguiremos isso sem acessibilidade de preço”, diz Florence. Os 75 funcionários atuais devem se tornar 100 até o final de 2020.
Depois de meses de desenvolvimento — e de incerteza diante desta pandemia –, o segundo semestre será marcado por esforços de venda da Alice.
Fonte: Pequenas empresas, Grandes negócios