Petros: Irregularidade não se restringe à delação da JBS, diz conselho

O conselho fiscal da Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, aponta que as irregularidades em investimentos da fundação vão além das denúncias apontadas na delação premiada dos donos da JBS.

“Os três ex-presidentes citados na delação premiada da JBS estão envolvidos em outras investigações, tais como: Invepar, Itausa, FIP PCH, Litel, Sete Brasil, entre outras”, afirma em nota divulgada na última terça­-feira.

Segundo o conselho fiscal, eles ­ Wagner Pinheiro de Oliveira, Luiz Carlos Fernandes Afonso e Carlos Fernando Costa ­constam da relação de gestores da Petros que foi encaminhada como denúncia do conselho fiscal da Petros, tanto à Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), como ao Ministério Público Federal.

Essas denúncias envolvem 72 investimentos desde setembro de 2002 e totalizam cerca de R$ 2 bilhões. Recentemente, a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) informou que essas irregularidades cometidas tanto na Petros, quanto na Funcef, dos funcionários da Caixa Econômica Federal, também citada nos depoimentos dos irmãos Batista, já haviam sido objetos em dois autos de infração.

“A diretoria da Petros, exercida então pelo senhor Carlos Fernando Costa, não cumpriu a decisão de realização da auditoria, contratando a empresa E&Y para realizar somente uma verificação de conformidade legal (compliance), nos investimentos citados. Felizmente, a E&Y foi além do solicitado e seu extenso relatório foi a base da denúncia realizada pelo conselho fiscal da Petros”, diz o colegiado.

O conselho fiscal da Petros destaca também que a entidade constituiu cinco Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs) para recuperar os valores desses ativos. Ao analisar sua constituição, percebeu que uma das instituições financeiras denunciadas à Previc havia sido contratada para administrar esses FIDCs. A atual diretoria­ executiva da Petros reabriu a Comissão de Investigação e Apuração (CIA) que investigou o episódio e constatou uma série de irregularidades ocorridas na constituição dos FIDCs.

Segundo o conselho fiscal, a decisão da Petros, a partir dos resultados dessa investigação e da apuração dos responsáveis é abrir processo judicial e também
informar aos órgãos de regulação e fiscalização governamentais. O grupo declarou ser injusto que déficits provocados pela alteração da política governamental sejam equacionados por participantes e assistidos, ao mencionar investimentos do governo federal com fundos de pensão como Sete Brasil e Belo Monte, que deixaram “a Petros extremamente exposta a prejuízos provocados pela retirada do financiamento do BNDES”.

Fonte: Valor Econômico