Troca no comando da Petros

Walter Mendes, presidente indicado da Petros: missão é aperfeiçoar governança e equacionar o déficit do fundo
Walter Mendes, presidente indicado da Petros: missão é aperfeiçoar governança e equacionar o déficit do fundo

Indicado para assumir a presidência da Petros, o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, o executivo Walter Mendes prevê assumir a cadeira em 24 de agosto. A nomeação ainda depende da aprovação do conselho deliberativo da fundação, que deve se reunir nesta semana para decidir o assunto. A principal missão do executivo será equacionar o problema financeiro e aperfeiçoar a governança corporativa do fundo de pensão.

“Dentro deste processo que já vem acontecendo desde o ano passado, de uma mudança no fundo Petros, a Petrobras quer melhorar, quer continuar aperfeiçoando a governança e recuperar financeiramente o fundo”, afirmou Mendes.

A Petros fechou 2015 com déficit de R$ 22,6 bilhões, considerando o resultado negativo de R$ 16,4 bilhões no ano passado e de R$ 6,2 bilhões em 2014. O resultado demandará a construção de um plano para equacionar cerca de R$ 16 bilhões, montante que será dividido entre a patrocinadora e os participantes num prazo de até 18 anos. As condições ainda serão discutidas entre Petros, Petrobras e os participantes dos planos, e a previsão é que seja aplicado a partir de 2017.

“O grande desafio da Petros também é o grande desafio da Petrobras, que é a questão financeira. A Petrobras tem uma dívida grande, no caso da Fundação Petros é um déficit atuarial bastante grande. O desafio é reduzir e possivelmente eliminar este déficit”, afirmou Mendes.

No caso da governança corporativa, o objetivo é aprimorá­-la em continuidade ao que vem acontecendo na Petrobras. Por diversas vezes desde que assumiu o comando da petroleira, o presidente Pedro Parente afirmou que sua gestão terá cargos mais técnicos e com menos ingerência política.

“A ideia é que toda a alta administração seja composta ou de funcionários de carreira ou de pessoas que venham de fora, mas com perfil técnico, sem indicação política […]. É uma continuidade do processo que já vem vindo, de mudança, de aperfeiçoamento da governança, de recuperação financeira e de transparência”, afirmou. Ele não quis adiantar nomes de executivos que serão convidados a participar da Petros, limitando­se a informar que está fazendo alguns contatos.

A indicação de Mendes partiu do diretor de recursos humanos e serviços da Petrobras e presidente do conselho deliberativo da Petros, Hugo Repsold Junior, e do presidente do conselho da estatal, Luiz Nelson Guedes de Carvalho. As conversas vinham ocorrendo há cerca de um mês. Mendes teve ainda que passar por um teste de integridade para que sua indicação pudesse ser concretizada.

O currículo do executivo inclui a atuação como superintendente de renda variável do Itaú Unibanco e como diretor da gestora de investimentos Schroders. Mendes era membro do conselho de administração da Petrobras há cerca de um ano e representante dos acionistas minoritários. No conselho, vinha participando bastante da discussão de assuntos ligados à Petros.

“Se eu fosse participante da Petros, eu estaria tranquilo. Ele é um dos craques do mercado com relação a investimentos”, disse o consultor de investimentos Ricardo Weiss. O membro do conselho fiscal da Petros, Fernando Leite Siqueira, avalia que Mendes é capacitado, mas ainda é cedo para analisar a indicação. “Vamos ver como ele se porta”, disse.

Fonte: Valor Econômico